Das fontes ao anseio de justiça: Contemplação poética e mística em Sophia de Mello Breyner Andresen

Em seus Escritos de Teologia, discorrendo sobre a vida cristã, Rahner afirma, introduzindo um tópico sobre a palavra poética e o cristão, que só um poeta poderia falar sobre esse tema. Todavia, ele pondera, o poeta fala aos não poetas, portanto, os não poetas devem saber o que é a poesia. Ademais, e...

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Main Author: Mariani, Ceci Maria Costa Baptista (Author)
Format: Electronic Article
Language:Portuguese
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Fernleihe:Fernleihe für die Fachinformationsdienste
Published: Imprensa Metodista 2020
In: Estudos de religião
Year: 2020, Volume: 34, Issue: 3, Pages: 61-85
Further subjects:B Mística
B contemplação
B Sophia Andresen
B Poesia
B compromisso social
Online Access: Volltext (kostenfrei)
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Description
Summary:Em seus Escritos de Teologia, discorrendo sobre a vida cristã, Rahner afirma, introduzindo um tópico sobre a palavra poética e o cristão, que só um poeta poderia falar sobre esse tema. Todavia, ele pondera, o poeta fala aos não poetas, portanto, os não poetas devem saber o que é a poesia. Ademais, ele acrescenta, o crente, sendo guiado pelo Espírito, pode julgar tudo. Por isso, ele conclui, enquanto reflexão do crente, a teologia não pode estar alheia à poesia. Assumindo como justificativa a palavra do teólogo, colocamo-nos, a partir da teologia, à escuta de Sophia de Mello Breyner Andresen, com o objetivo de explicitar em seus poemas a relação entre mística e poesia. A tarefa do teólogo, ou da teóloga, seguindo a reflexão de Rahner, é situar-se diante da poesia sem reduzi-la a uma lição de catequese, mas chamar atenção ao que nela aponta para um dizer da relação com Deus que se revela na criação sem deixar de ser Mistério Santo. A proposta deste artigo é apontar os elementos místicos presentes na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), tendo como referências os teólogos K. Rahner, J. Moltmann, E. Schillebeeckx e J. B. Metz. Mais especificamente sobre o fenômeno místico e suas características essenciais, recorremos à análise fenomenológica de Juan Martin Velasco e à abordagem histórica de Bernard McGinn. No que diz respeito ao diálogo com a crítica literária, contamos principalmente com o estudo realizado por Carlos Ceia. Na escuta dos poemas de Sophia, tomando o cuidado de não fazer uma identificação ingênua entre o discurso literário e a teologia da revelação, como recomenda Kuschel, procuramos reconhecer a presença de elementos místicos, especialmente relacionados com o estilo despojado (gosto pela simplicidade) e a experiência de Deus como Mistério Santo na contemplação da natureza, elementos que se desdobram na manifestação de um anseio de justiça, possibilitando aproximar a obra da poeta de uma "Mística de Olhos Abertos" (Metz).
ISSN:2176-1078
Contains:Enthalten in: Estudos de religião
Persistent identifiers:DOI: 10.15603/2176-1078/er.v34n3p61-85